Por curiosidade profissional, sempre observo os conteúdos dos candidatos e gosto de escrever sobre eles algum tempo depois, quando os ânimos estão mais calmos. Não foi diferente dessa vez. Acompanhei as campanhas para as eleições municipais de São Paulo. Acho que o conteúdo ano a ano é mais usado para questões políticas, até porque, eles são bem mais democráticos e têm muito mais contato direto com a opinião popular do que a propaganda eleitoral do rádio e da televisão.
Achei melhor dividir as impressões por candidato, lembrando que analisei apenas os principais candidatos, deixando de fora Ricardo Young, Levy Fidelix e Major Olímpio:
1) Celso Russomano
O grande mote da campanha do Celso Russomano em todas as plataformas foi a defesa do cidadão, o que faz sentido dentro do contexto de sua trajetória como repórter focado nesse assunto. Ele usou o site como hub de conteúdos e trabalhou bem com as notícias e conteúdos ligados à defesa do consumidor. A comunicação visual foi uma das piores, tinha cara de panfleto dos anos 80 e a equipe também não era muito afiada no Twitter durante os debates. No Twitter, aliás, ele compartilhava vários vídeos caseiros de celebridades que o apoiavam como Renata Banhara e Sérgio Reis.
2) Fernando Haddad
O atual prefeito foi um dos que melhor usou as redes e os conteúdos. Era de se esperar que ele fosse mais convincente no ambiente digital, pois seria um dos candidatos mais atacados e precisaria de muitos argumentos para rebater. Também usou o site como hub de conteúdos e esse era bem mais limpo e de design mais moderno do que o do Russomano. Usou bem os formatos também, brincando com gifs, ilustrações (algumas bem humoradas como essa que brinca com o estilo de um dos oponentes) e até montou um mapa interativo das principais ações de sua gestão em cada região da capital paulista. Tinha até Snapchat, em uma tentativa de se aproximar do público mais jovem, acredito. A equipe era bem afiada no Twitter, no real time marketing durante os debates especialmente. Além dos textos, a equipe usava vídeos e gráficos para justificar o posicionamento do prefeito.
3) João Doria
O prefeito eleito fez um storytelling vazio e clichê, mas que funcionou muito bem na televisão e garantiu sua vitória no primeiro turno das eleições. No ambiente digital ele abusou dos formatos, fez até uma imagem de perfil em animação (São Paulo escolheu mudar) após vencer o pleito. No Twitter, a equipe também era ágil no real time durante os debates, mas insistia em umas artes com fotos horríveis, muito texto em tipologia ruim, que não funciona muito bem nessa plataforma. A comunicação visual, de uma maneira geral, não foi das mais felizes, na minha opinião.
4) Luiza Erundina
Notadamente era a campanha com menos recursos, mas ainda assim, no ambiente digital, Luiza Erundina fez uma campanha significativa. Sem muitos recursos e firulas: um site com links para o Facebook de campanha, o Facebook da candidata e o do candidato a vice, Ivan Valente. No Twitter, durante os debates, sem muitos recursos e apelos a formatos eles eram os mais afiados e antenados.
5) Marta Suplicy
A candidata tinha um site visualmente atraente e, por já ter sido prefeita de São Paulo, como Fernando Haddad, também notei alguns esforços por apresentar conquistas. No entanto, o discurso da campanha como um todo estava um pouco desencontrado. Meio calcado em conquistas do passado, meio baseado em desculpas e arrependimentos sobre equívocos cometidos pela candidata em sua trajetória política. No Twitter, a equipe era mediana.
De uma forma geral, acho que as campanhas não conseguem ainda explorar todo o potencial do ambiente digital e ainda tratam as redes sociais da maneira como tratam a mídia offline. Ainda noto muita deficiência na interação.
O discurso ainda é vazio e também parece não ter entrado na dinâmica dos novos tempos. O ambiente digital está sendo usado mais como uma plataforma de divulgação do que como fonte de informação e interação. Isso é lamentável.
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